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sábado, 31 de janeiro de 2009

Bush festeja o "povo escolhido" de Israel; árabes lamentam

Reuters/Brasil Online

Por Matt Spetalnick e Tabassum Zakaria

JERUSALÉM (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse na quinta-feira que os israelenses são um "povo escolhido" que poderá sempre contar com o apoio norte-americano contra inimigos como o Hamas e o Irã.

Num dia em que os palestinos lembraram as casas e terras perdidas com a criação em Israel, em 1948, Bush fez em Israel um discurso com muitas referências a Deus e alusões apenas passageiras à criação de um Estado palestino.

Após visitar a fortaleza de Massada, símbolo da resistência dos judeus contra a ocupação romana, Bush fez no Parlamento um discurso em que disse que a existência de "uma pátria para o povo escolhido" era "uma promessa de Deus".

"Massada nunca cairá de novo, e a América sempre estará ao lado de vocês", afirmou, qualificando a luta contra os grupos islâmicos Hamas, Hezbollah e Al Qaeda como "uma batalha entre o bem e o mal".

Segundo ele, os "laços do Livro" (a crença comum de judeus e cristãos nos textos bíblicos) promovem uma aliança "inquebrantável" entre Israel e os EUA.

A respeito dos palestinos, metade dos quais foi levada ao exílio para dar lugar ao Estado judeu, Bush disse que, dentro de 60 anos, "o povo palestino terá a pátria com a qual tanto sonhou e que tanto mereceu".

Os termos usados por Bush no discurso chocaram os palestinos que esperam dos EUA um papel de mediação. O Hamas, que rejeita as negociações, disse que o presidente falou como se fosse "um padre ou um rabino" e deu "um tapa na cara" dos palestinos que depositavam esperanças nele.

Em protestos espalhados a propósito do aniversário de Israel, palestinos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza atiraram pedras contra policiais e soldados israelenses, que reagiram com gás lacrimogêneo e disparos para o alto.

"Não seria hora de Israel responder ao apelo por uma paz justa e abrangente, e que alcançasse a reconciliação história entre os dois povos sobre esta terra sagrada e torturada?", disse o presidente palestino, Mahmoud Abbas, num discurso.

Para o analista político palestino Ali Jarbawi, a retórica de Bush prova que os EUA não são um mediador isento. "Ele não está falando numa solução com dois Estados. Está falando num Estado de restos para os palestinos", afirmou.

Os árabes são especialmente sensíveis à falta de reconhecimento internacional pelo drama de cerca de 700 mil palestinos que tiveram de deixar suas casas em 1948. Bush pode ter agravado tal sensibilidade ao dizer que "os refugiados [judeus] chegaram aqui no deserto".

Enquanto Bush discursava, três parlamentares árabes levantaram um cartaz que dizia "Vamos vencer". Foram retirados do plenário.

Em Ramallah, na Cisjordânia, pedestres pararam quando as sirenes soaram por dois minutos em respeito à "Nakba", ou "catástrofe", como os palestinos se referem à criação de Israel.

Bush promoveu em novembro a retomada do processo de paz entre Israel e a Autoridade Palestina, mas há escassos avanços desde então, e muitos duvidam que ele consiga cumprir sua meta de mediar um acordo definitivo antes do final de seu mandato, em janeiro.

Na sexta-feira, Bush, que tem sido muito aplaudido em todos os lugares por onde passa em Israel, embarca para a Arábia Saudita. No fim de semana, encontra-se com Abbas e outros líderes árabes no Egito.

(Reportagem adicional de Jeffrey Heller e Brenda Gazzar, em Jerusalém, Mohammed Assadi e Ali Sawafta, em Ramallah, Haitham Tamimi, em Hebron, e Nidal al-Mughrabi, em Gaza)

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