Roma - Considerada uma organização terrorista por Israel e muitos países ocidentais, o Hamas provou, com os resultados das eleições legislativas desta semana, que é visto pela maioria da população dos Territórios Palestinos como uma força legítima e política, capaz de defendê-la da ocupação de Israel e de combater o velho sistema de poder do atual partido governista, o Al-Fatah, acusado de corrupção e clientelismo.
Hamas (palavra árabe que significa "ardor", "zelo") é a maior organização militante palestina islâmica. Foi fundada em 1987, no começo da primeira Intifada, movimento de revolta palestina contra a ocupação israelense da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.
O seu projeto declarado de curto prazo é o de obrigar Israel a sair dos Territórios ocupados em 1967, projeto este que perseguiu com uma série de ataques sangrentos e atentados contra alvos militares e civis israelenses, antes de aceitar há alguns meses uma trégua parcial.
O objetivo estratégico do Hamas é constituir um Estado islâmico em toda a Palestina histórica, aquela delimitada pelas fronteiras antes de 1948. No seu programa ainda consta o objetivo de destruir o Estado de Israel.
Braços político e militar - A organização, fortemente radicada entre a população dos Territórios, tem uma ala militar (com um número indefinido de combatentes e milhares de simpatizantes) e outra política.
A sua atividade social, com a construção de escolas, hospitais e centros para a assistência à população carente, deu ao Hamas muita popularidade.
A atividade militar, com a organização de atentados e represálias pelas Brigadas de Al-Qassam, braço armado do grupo, além da popularidade em alguns setores palestinos, tornou-a também um interlocutor inaceitável pelos israelenses.
Principais líderes - Além dos mortos impostos ao Estado de Israel, Hamas perdeu muitos de seus líderes históricos e mais amados. O seu fundador, o xeque Yassin, foi morto em um ataque israelense com mísseis em 22 de março de 2004; e o seu sucessor imediato, Rantissi, foi assassinado em 17 de abril de 2004. Khaled Meshaal, que vive entre a Síria e o Líbano, é tido como o atual líder do grupo.
Foi só depois da morte de Yasser Arafat, o líder da causa palestina, que a organização islâmica amadureceu uma mudança: a de participar ativamente do processo eleitoral.
Os dirigentes do Hamas apostaram na importância que o seu movimento conquistou na sociedade civil e nas necessidades de reformar uma estrutura política palestina já em declínio, tomada pela corrupção, pela ineficiência e pela perda de credibilidade. O desafio eleitoral foi superado. Resta agora esperar para ver o que Hamas fará no governo.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
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» Trajetória do Hamas: do terrorismo à chefia do governo.
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