A independência de Israel
Equipe Passeiweb
Quando a ONU propusesse uma solução de consenso, a Inglaterra abriria mão de seu Mandato na Palestina. Em abril de 1947, um Comitê Especial das Nações Unidas propôs a partilha da Palestina em um Estado judeu (já com cerca de 650 mil habitantes) e um Estado árabe-palestino (com o dobro dessa população).
O nascimento de uma nação: palco improvisado, estrelas de Davi e a histórica declaração do patriarca David Ben-Gurion
A 14 de maio de 1948, seis horas antes do término oficial do Mandato britânico, David Ben Gurion, que seria o primeiro governante israelense, leu a declaração de Independência de Israel. Os Estados Unidos e a União Soviética, as potências do pós-guerra, reconheceram rapidamente o novo Estado.
Porém, já no dia seguinte à independência, os árabes se uniram para atacar Israel. Os judeus resistiram e venceram seus adversários. Na guerra, conquistaram 78% do antigo território palestino (22% a mais do que previa o plano de partilha da ONU para alojar a população árabe). Em 1949, firmou-se um primeiro acordo de paz entre os árabes e o Estado de Israel, já reconhecido pela comunidade internacional, inclusive o Brasil.
Infelizmente, a paz e a convivência harmoniosa entre os povos da região não teve continuidade até hoje, assim como o Estado Palestino ainda não conseguiu ser efetivamente criado. De meados do século 20 até o início do século 21, a história de Israel e do Oriente Médio é marcada por tantos problemas e conflitos que constitui uma nova epopeia, quase tão longa quanto a dos 5 mil anos anteriores.
Guerra da Independência
Com a comunidade já organizada social e politicamente, demorou apenas alguns meses até que a decisão da partilha das terras palestinas pela ONU fosse oficializada em Estado de Israel. O movimento de independência foi organizado pelos sionistas de esquerda, que tinham em David Ben Gurion seu líder.
Assim, em 08 de maio de 1948, menos de cinco meses após a votação da ONU, Gurion assumia como líder do mais novo país, com a aprovação da comunidade judaica. Mas não houve tempo para celebrações. Em menos de um dia da fundação, Israel foi invadido por cinco nações vizinhas árabes - Egito, Jordânia, Iraque, Síria e Líbano-, além dos árabes palestinos, que não concordavam com a fundação do Estado judeu em uma região predominantemente árabe.
Assentamento israelense na faixa de Gaza, um dos
territórios ocupados por Israel
A Guerra da Independência, como ficou conhecida, foi a primeira grande prova do novo país e apenas uma amostra da trajetória de guerras e conflitos na qual Israel entrava. Forças de Defesa de Israel, embora pobremente equipadas, derrotaram os invasores em lutas que se prolongaram por 15 meses e deixaram um saldo de 6.000 israelenses mortos, quase 1% da população judaica no país à época.
Nos primeiros meses de 1949, realizaram-se negociações diretas, sob os cuidados da ONU, entre Israel e cada um dos países invasores (exceto o Iraque, que se recusa a negociar com Israel até os dias atuais). O resultado foi a assinatura de acordos de armistício, que refletiam as posições no final dos combates entre as nações.
Estado institucionalizado
A fundação de Israel, em 1948 apenas institucionalizou uma comunidade de cerca de 650 mil pessoas já organizada, com instituições políticas, sociais e econômicas bem desenvolvidas.
Quando a Liga das Nações (hoje Organização das Nações Unidas - ONU) concedeu o mandato britânico sobre a Palestina, em 1922, recomendou ao país que criasse na região um "lar judaico, em reconhecimento à ligação histórica do povo judeu com a Palestina".
Motivados pelo sionismo e pela "simpatia para com as aspirações sionistas dos judeus" expressa pela ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Lord Balfour, milhares de judeus partiram para as terras palestinas.
Entre 1919 e 1923, cerca de 35 mil judeus chegaram à região, principalmente vindos da Rússia, e tiveram uma influência direta na organização da sociedade judaica nos anos seguintes. A onda seguinte, entre 1924 e 1932 trouxe cerca de 60 mil pessoas de toda Europa Oriental. Estes imigrantes, muitos dos quais eram profissionais formados e acadêmicos, foram responsáveis pela ampliação da vida cultural me econômica da comunidade judaica na região.
Economia
As autoridades do Mandato Britânico outorgaram aos judeus e árabes o direito de gerirem seus próprios assuntos internos. Com este direito, a comunidade judaica elegeu, em 1920, um governo autônomo baseado na representação partidária: Assembleia dos Eleitos.
Ela se reunia anualmente para avaliar suas atividades e eleger os representantes executivos, o Conselho Nacional, que implementava a política definida pelo legislativo.
Financiados por recursos da economia local e verbas levantadas pelo mundo judaico, os recém-chegados fundaram kibutz (fazendas coletivas) e cidades, criaram uma infra-estrutura econômica e de serviços básicos e lançaram a luta pela independência política, conhecida como sionismo.
Faltava apenas a oficialização de sua independência do povo palestino, que, embora tenha sido muito celebrada pela comunidade judaica não foi aceita pelos árabes, entre os quais a data da fundação de Israel é conhecida como "Al Naqba", dia da catástrofe.
Consolidação
Assim, a planície costeira, a região da Galileia (norte) e todo o Negev ficaram sob soberania israelense, a Judeia e a Samaria (na margem ocidental) ficaram sob o domínio da Jordânia, a faixa de Gaza coube aos egípcios e a cidade de Jerusalém ficou dividida, cabendo à Jordânia o controle da parte oriental, inclusive a Cidade Velha, e a Israel, o setor ocidental da cidade. Com o fim da Guerra da Independência e o novo estabelecimento de fronteiras para o Estado, Israel concentrou seus esforços na construção de uma infra-estrutura capaz de governar o novo país. O primeiro Knesset (Parlamento) de 120 cadeiras entrou em funcionamento após as eleições nacionais ocorridas em 25 de janeiro de 1949 e com a participação de quase 85% dos eleitores.
Ex-premiê David Ben Gurion durante
viagem por bases militares de Israel
Gurion, que já havia assumido o poder com a declaração do Estado, confirmou seu posto como primeiro-ministro e Chaim Weizmann, presidente da Organização Sionista Mundial, tornou-se o primeiro presidente eleito pelo Knesset.
Logo depois, em 11 de maio de 1949, Israel tornou-se o 59º membro das Nações Unidas.
Fontes: Jornal O Estado de S. Paulo | Enciclopédia Britânica | Ministério de Relações Exteriores de Israel | Realidades de Israel (publicação do Centro de Informação de Israel) | The Israel Project | Revista Época | TV Cultura | Jornal Folha de S. Paulo
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